5 de jun. de 2007

É chique ser rico

Especialmente “novo rico”. Na China, quem tem dinheiro, hoje, faz questão de exibir. Prova disso são os vários modelitos que misturam xadrez com bolinhas e circulam, soberanos, pelos shopping centers de Pequim, ostentando as etiquetas. Brega. Mas, os apoderados não tão nem aí. Fazem pose de bacana e gastam aos tubos.


Tanto, que Xangai acaba de recepcionar a (segunda) “Feira dos milionários”. Durante o fim-de-semana, o povo pôde se refestelar na abundância de produtos do naipe de celulares com diamantes incrustados (bagatelas de 3,5 milhões de dólares), relógio suíço em outro e prata (mais de dois milhões de dólares), uma mansão em Xangai (30 milhões de dólares), chás de mais de 1.000 dólares por quilo, jóias de 25 milhões, jatos privados, helicópteros, iates, alta costura, carros de prestígio, animais de pedigree, viagens paradisíacas, gastronomia de ponta, água mineral do Alasca e por aí vai.

Cerca de 150 marcas internacionais marcaram presença com público de 14 mil pessoas, peneirado na bilheteria – onde os ingressos custavam 600 yuans por cabeça (153 reais... equivalente ao salário de uma semana dos xangaieses médios), ou 1.500 yuans (383 reais) no dia da inauguração do evento.

É a única edição da feira na Ásia. As outras acontecem em Moscou (Rússia), Dubai (Emirados Árabes), Cannes (França) Amsterdã (Holanda), e Courtrai (Bélgica).

Os chineses, que entraram pro circuito no ano passado, não fazem feio. Além do boom econômico e da bolha na bolsa de valores que promove o “sentido cívico” do consumismo nacional, eles querem ser – e parecer! – ricos a qualquer preço. Essa estética urbana agrada em cheio por aqui.

Segundo David Zhong, um dos organizadores da feira dos milionários, "os chineses com dinheiro ainda estão aprendendo sobre marcas globais. Nós estamos ajudando essa gente a entender como vivem os milionários".


"Também temos convidados bem jovens, de 18 a 22 anos. Eles fazem trabalhos part-time ou economizam durante semanas para poder provar nossos produtos", contou Jin Yiyi, uma gerente de cosméticos da Helena Rubinstein. "Elas podem ter dificuldades para comprar um creme de mais de 300 yuans (76,5 reais), mas não conseguem resistir à atração da marca".

Enquanto isso, uma menina de 13 anos estava impressionada na frente do Jaguar. A mãe, sorridente, explicou que tinha levado a filha para “ensiná-la sobre as coisas finas da vida”. Literalmente, a senhora chinesa disse: “Isso vai ajudá-la a desenvolver um caráter elegante desde cedo”. Publicado na edição de ontem do ChinaDaily.


Abismo social

É notória essa compulsão chinesa por ostentar. A maioria do pessoal aqui não quer sorvete. Quer Haagen-Dazs. Não quere café. Quer Starbucks. Não quer óculos escuros. Quer o “G” gigante de Gucci. Não quer bolsa. Só Louis Vuitton. E não tô falando do mar de pirataria que abunda pelo país. Marcas como Chanel, Armani, Cartier, Mercedez vêm abrindo lojas paulatinamente (lojas de verdade, com preços também "de verdade"). Segundo estatísticas da Goldman Sachs (de 2005), a China já é o terceiro maior consumidor mundial de bens luxuosos (US$6 bilhões/ ano) e, em 2015, vai ultrapassar o Japão, passando a consumir 29% de todos os produtos de luxo comercializados no planeta. A demanda vai crescer 25% por ano, até lá.

Como em outras capitais, são os jovens de 20-30 anos os que mais gastam. Mas aqui, o número de consumidores novos (que acabaram de começar a consumir produtos deste tipo) é muito maior: simplesmete 11 vezes mais que no Japão, por exemplo.

Por causa do contexto histórico, até uns poucos anos, os chineses praticamente não consumiam nada que não fosse ‘made in China’. Sequer sabiam o que era “moda” mundo afora. Todos vestiam igual, tinham a mesma cor de cabelo, o mesmo penteado, o mesmo tipo de sapato, usavam ceroula... Hoje, depois das reformas econômicas e da entrada da gringolândia em território nacional, eles estão ficando tão fashion victims quanto os vizinhos nipônicos, os ricos de NY, Londres, Paris, etc.

Segundo os cálculos de Yang Qingshan, secretário geral da China Brand Association, “13% dos chineses já consomem marcas de luxo". Descontando certo exagero (e excesso de otimismo) que os chineses têm por excelência - e parece que Seu Yang não foge à regra -, os cálculos dele representariam nada menos que cerca de 169 milhões de pessoas. Quase a população inteira do Brasil! "E é uma cifra está crescendo rapidamente”, recorda Yang. Ah, disto, não duvido mesmo.

Sociedade harmônica

Preocupado com as tensões sociais que causam as grandes diferenças entre ricos e pobres, o governo chinês tem procurado criar políticas que reduzem as desigualdades. Como, por exemplo, mais taxas de importação sobre produtos de alto standart: cosméticos, jóias, roupas de marca, carros caros, artigos de golf e afins. Em paralelo, também foram banidos todos (sim, todos!) os anúncios em outdoor que faziam propaganda de coisas caras (apartamentos de luxo, roupas de marca, perfume, relógios, tudo). Pequim anda “pelada”, cheia de espaços prateados (onde antes, colavam os cartazes publicitários).

Quem acompanha as notícias do lado de cá certamente já ouviu o slogan “sociedade harmônica”, que o Partido Comunista emprega em todos os discursos sobre temas sociais. Em linhas gerais, é uma filosofia (baseada na teoria dos antigos pensadores chineses – como Confúcio) que prega a igualdade entre todos, mesmo quando a sociedade avança economicamente... E gera magnatas instantâneos e pobres com menos de dólar por dia. Aliás, um tema que dá muito pano pra manga. Fica pro próximo post!

2 Comments:

At 17/6/07, Anonymous Anônimo said...

Estou seguindo seus passos China afora. Continue com sua opinião sobre o informado e, paralelamente, formando a minha. Sugiro que vá pensando em editar, no futuro, um livro sobre o assunto.Que tal?

 
At 30/6/07, Anonymous Anônimo said...

Nooossa prima fazia tempo que eu num lia seu blog, estava desatualizado..pqp.
mas sabe que aqui em milano rola muito cn(ja aprendia a abreviar) e eles na real sao filhos nascidos na terra nostra...existi uma mafia tremenda, drogas sexo prostituicao danada...pior que os cara vestem so as melores marcar e usasm as drigas mais caras do planeta.fechado no mundo deles, passam despercebidos, falam italiano perfeitamente c sotaque milanes..incrivel e uma pena num ter o link da noticia .mas se vc fizer uma busca rapida (magari gia letto) vc acha a repostagen..
è isso...haa outra coisa, vc conhece a radioblogclub.com? muscia blogada...tem d tudo em mp3 free, sem scaricar sem fazer nada, apenas da scoltare!!!bacio

 

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