23 de ago. de 2007

Jogo dos 7 erros

Quem achar mais diferenças ganha um pirulito!



Dois modelos de Mercedes Smart ForTwo em cores diversas? Errado. O carro preto é um original, fabricado pela montadora alemã Mercedes. O vermelho chama-se “Shuanghuan Noble” e é um ‘Made in China’, produzido pela China Automobile Deutschland, com pouca personalidade.

Pouca, aliás, é uma metáfora gentil. O carro chinês é uma cópia descarada do clássico alemão. Como diria alguém que conheço, “é cuspido e escarrado” (sic). A única diferença é que a versão oriental comporta até quatro passageiros. A européia, dois.

Não bastasse a cara-de-pau por ter plagiado algo de forma tão escancarada, os piratas asiáticos ainda pretendem fazer concorrência com a própria Mercedes no terreno dela.

Até agora, o Noble só era visto aqui na China. Mas deve começar a ser vendido no Velho Continente logo depois do Salão de Frankfurt, mês que vem. Assim anunciaram os “autores” do modelo – que, como pouparam em criação, pesquisa e desenvolvimento, planejam massacrar a concorrência com um preço final mais baixo: 7.000 euros (uns 19.000 reais).

Os executivos da Mercedes estão enfurecidos. Fizeram uma notificação legal com a intenção de barrar a comercialização do carrinho chinês. E um porta-voz da empresa fez questão de avisar: "Levamos a propriedade intelectual muito a sério. O Noble é uma tentativa grosseira de copiar um produto nosso".

Com ar blasé, o diretor da China Automobile Deutschland, Klaus Schlössl, defende-se, admitindo que os modelos têm "certa similaridade", mas que "apenas em alguns ângulos, assim como muitos outros no mercado". Aliás, Klaus ainda opina que "a Mercedes não deveria fazer tanto estardalhaço sobre o assunto".

Troféu Óleo de Peroba pra esse senhor, por favor!

7 de ago. de 2007

Nada de reencarnação



Essa é ótima: “China proíbe por decreto a reencarnação do Dalai Lama”. A partir de 1 de setembro, vira lei.

A insólita ordem pretende evitar a sucessão do atual líder espiritual daquela nação de monges, cujo nome vou evitar escrever aqui por uma pura questão de prudência (e pesquisas cibernéticas automáticas contra blogspots escritos na China...). Como todo mundo sabe – menos os cidadãos chineses que nunca saíram do país –, este tal lugar está ocupado militarmente, desde os anos cinqüenta pelo governo de Pequim*.

Agora, além de controlar de perto o movimento dos budistas lá ‘naquele lugar’, o Estado comunista chinês resolveu impor mais autoridade, afirmando que “o chamado Buda vivo reencarnado é ilegal e inválido sem a aprovação governamental”. O texto, formulado pela Administração Estatal para Assuntos Religiosos, pretende podar a influência do Dalai Lama e bloquear sua futura sucessão.

O atual reencarnado de Buda, 72 anos, vive no exílio, mas faz uma contrapropaganda ativa do regime político chinês. Por isso, é uma constante dor de cabeça para os dirigentes do Partido Comunista - sempre preocupados com sua reputação internacional.

A nova proibição (a de reencarnar!) alcança ainda todos os “lamas” (mais conhecidos como “tulkus”, os sábios reencarnados, que atuam como líderes religiosos e supervisionam a formação dos monges). E, de quebra, também fica estabelecido que não se pode encontrar outro “Panchén Lama” (a segunda figura-chave do budismo: o futuro Dalai Lama reconhecido em um menino pequeno). Só monastérios creditados pelo governo da China.

Isso para evitar "confusões" como a que aconteceu em 1995, quando o atual Dalai anunciou que havia encontrado o novo Panchén Lama. O garoto - então com seis anos e filho de uma família pobre do campo - foi levado pela polícia chinesa e ninguém teve mais notícias dele. Totalmente desparecido, é considerado o preso político mais jovem do mundo. Aliás, em 1996, num intento de tapar o sol com a peneira, as autoridades chinesas providencialmente designaram um Panchén Lama substituto: o filho de um membro do Partido Comunista, que chegou a participar de cerimônias na China. Mas ele nunca foi, de fato, reconhecido pelos monges, porque a tradição budista explicita que ninguém de fora daquele tal país pode participar do processo de busca e reconhecimento do novo Buda vivo, exceto o Dalai Lama (que, para os budistas, representa um deus de carne e osso e, quando morre, leva até 49 dias para reencarnar em um menino especial – cujo caráter específico já vai sendo apresentado desde o dia em que nasce).

*A China afirma que o tal país dos monges faz parte de seu território desde o 13º século. O Dalai Lama havia 'libertado' esta região em 1951, mas em 1959, após uma rebelião frustrada, exilou-se e estabeleceu um governo em Dharamsala, na Índia. Desde então, Pequim mantém um controle rigoroso dos assuntos religiosos na região do Himalaia. Pretende conter a colossal força do budismo, já que, em poucas palavras, comunismo e religião são incompatíveis. Pro primeiro funcionar, não pode haver nenhuma outra autoridade liderando o povo. Nem Deus.

6 de ago. de 2007

Céu azul

Sabe aqueles dias inspiradores, em que você abre a janela, dá de cara com um sol brilhante e, motivada pelo panorama, sente vontade de faltar o trabalho, pôr um biquine, fazer um pic-nic ao ar livre, sair de expedição pela floresta ou pedir alguém em casamento? Não. Hoje não é é um dia desses.

Um amigo expatriado acaba de circular por internet uma foto que tirou hoje de manhã, comparando o céu de hoje e o de outro dia:

Vista da janela do escritório dele, outro dia qualquer

Mesma vista hoje


E não é como aquele fog londrino dos dias de chuva e cerração, não. Os termômetros marcam 28°C e a umidade relativa do ar é de 51%. Como aqui nunca chove, duvido muito que hoje caia uma gota.

Aí, vem aquela pergunta incômoda: "De onde vem tanta neblina, então?". Sou da opinião de que, se você não está no setor de embarque do aeroporto, o melhor é aproveitar a estada em Pequim sem procurar muitas respostas nesse tema. Como 16 das 20 cidades mais poluídas do mundo são chinesas, segundo o Banco Mundial, o lance é aproveitar BEM o tempo que nos resta!

Em tempo: Cost of Pollution in China: Economic Estimates of Physical Damages (by Bird)

3 de ago. de 2007

Barcelona em Pequim

Os chineses são grandes fãs das ligas de futebol européias - especialmente da espanhola. Por isso mesmo, de quando em quando, os clubes grande de lá vem dar uma desfilada aqui, jogar uma partidinha e arrecadar um trocado. Este fim-de-semana, é a vez do Barça. Desembarcaram ontem em grande estilo, com torcedores afoitos, esperando os craques no aeroporto.


O mais querido é, claro, "Xiao Luo" (Ronaldinho Gaúcho)... que pediu pra ser brega e entrou na fila 10 vezes, cá pra nós.


Até alguns dias atrás, muita gente nem sabia contra quem o Barcelona jogava ("Quem? Unidos de Pequim"? "Fiés de Tiananmen"?). Mas quem liga? O lance é o clima. Ingresso na mão, amanhã comparecemos todos ao estádio Fengtai com torcida organizada entre os expatriados e tudo. Barçaaaaaa!!!

2 de ago. de 2007

Parece? Quase é

Não faz falta dizer que a China é o paraíso da pirataria. Mas há diversas categorias de cópias.

Caídas do caminhão - As imitações mais cobiçadas, naturalmente, são aquelas que uma amiga minha diz que "caíram do caminhão". Não são nem cópias. São exatamente os mesmos produtos que vão pras lojas, com etiqueta e tudo. Uma porção "extra" deles vai parar no mercado paralelo (e não perguntemos "como?" porque - ora, pipocas - isso aqui é a China!!!). Mas é mais difícil encontrar esses artigos. Quando você dá com um deles, na maioria das vezes, está num labirinto escuro, numa casa da periferia, num lugar bem suspeito... E os vendedores estão sempre preocupados em saber quem você é. Jornalista (óbvio!) é persona mais que non grata em ocasiões do gênero. Todas as vezes que me meti em roubadas desse tipo, dizia com aquela cara de boa-pessoa: "sou estudante de chinês!"

Cópias fiéis... ou nem tanto - Aí, vem a categoria das cópias que podem ser compradas nos mercados como o Xiushui (a.k.a. Silk Market), o Yashou ou afins. Há melhores e piores. Conheço quem garanta estar satisfeitíssimo com tudo que arrematou por lá. Mas é mais freqüente, entretanto, que, mais dia, menos dia, esse tipo de cópia acabe dando problema: quebra, rasga, pára de funcionar... Diz um amigo: "É o problema de não ter personalidade própria. Se gasta tanto tempo tentando copiar o aspecto, a cor, o logotipo, que a qualidade vai pro beleléu".

Produtos 100% chinês com orgulho de ser - E, por último, vem uma categoria que me diverte muito. Adoro ir aos mercados e descobrir "coisas novas". À primeira vista, elas parecem ser quem não são (assim, já poupam gastos em marketing!!!). Mas, vistas de perto, são chinesíssima. Perceba:



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